sábado, 22 de agosto de 2009

A vida é um Circo

Pois, sim, mas nem todos podem ser os trapezistas... ouvi no outro dia no autocarro, em conversa animada entre duas senhoras...
Aproveitei o resto do trajecto e reflecti naquelas palavras que, afinal, fazem todo o sentido; a vida é realmente um grande circo em que todos participamos, quer queiramos, quer não.
Os papéis são atribuídos arbitrariamente e nem todos podem ser os trapezistas, ter o número principal, o mais brilhante ou arrojado. Também tem de haver lugar para os vendedores de pipocas, os que trabalham atrás de cena, os que cuidam os animais e os famosos palhaços!
O circo não se faz sem nada destas pessoas; o que seria do trapezista se não houvesse lá alguém que lhe tivesse montado os baloiços e as redes com toda a segurança? É um número bonito, sem dúvida, mas será o mais importante? Saem de cena, triunfantes, e regressam ao camarim com o sentido do dever cumprido, cansados, esperando o dia de amanhã para mais um treino, pois apenas assim serão cada vez mais e mais perfeitos.
E os palhaços... são eles a alegria das crianças! Valha o esforço: riem quando muitas vezes querem é chorar e choram quando têm vontade de rir. Abraçam o grande e o pequeno, fazem de ricos e de pobres, sempre com grande disposição e disponibilidade para fazer os outros rir. E por dentro, com que vontade? Não serão então os palhaços os mais importantes do circo? Não seremos todos palhaços nesta vida? Quem já não chorou com vontade de rir ou vice-versa? Quantas vezes fazemos algo de alma e coração apenas para ver os outros 'sorrir'? E a maior parte das vezes, senão quase sempre, resulta num esforço inglório, que ninguém reconhece... porque o palhaço pobre será sempre o pobre, e o rico, o rico, mas nenhum deles é a atracção principal nem nunca será.
As luzes de cena abrem-se para outros números mais chamativos, cujos protagonistas exibem trajes vistosos e no final, sempre, um 'ahahaahaha' de espanto, perante mil olhos surpreendidos pelo que acabam de ver.
E os palhaços vão e vêm, saem e entram mil vezes, se preciso for, arrancam umas gargalhadas aqui e acolá, mas depois recolhem-se ao camarim, retiram a maquilhagem, o falso sorriso que desenharam no rosto e voltam a ser gente comum, com as suas alegrias e tristezas, donos do seu percurso (ou talvez não) e, tantas vezes, solitários, sem o sorriso de alguém que lhes abrilhante a vida e lhes retribua a gargalhada.
Mas a tenda está montada, o espectáculo tem de continuar, e há mil e um afazeres que esperam colaboradores: o que escolheria.... palhaço ou trapezista?
Bjs

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