quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Porquê que tudo muda?

Lançaram-me o repto há tempos para escrever sobre o tema 'Porquê que tudo muda?', mas o texto nunca saía... não por falta de interesse, mas pelos muitos caminhos a que leva um tema tão abrangente.
Depois de alguma reflexão, concluí que afinal nada muda! O que muda é tão-só a nossa perspectiva perante alguém ou alguma circunstância. Por exemplo, uma música, em determinado momento da nossa vida, pode dizer-nos muita coisa, fazer-nos rir ou chorar, mas passado algum tempo pode não nos dizer rigorosamente nada, ou mesmo o contrário... Então, foi a música que mudou? Não. Apenas mudou o nosso sentimento em relação a ela, condicionado pelo factor ambiental e temporal.
E é assim para quase tudo na vida; nós mudamos a cada minuto, ou semana, ou mês, a forma como vemos as coisas e é essa postura que nos leva a tantas coisas mais.
Pessoas que passam na nossa vida, em determinado momento assumem papel de grande relevância, mas depois não nos são praticamente nada; assim como outras que nada eram e, de repente (parece) passam a fazer parte do nosso quotidiano.
Também coisas a que demos suma importância, hoje não nos servem para nada e não acrescentam coisa alguma à nossa existência.
Mas com isto não quero dizer que devemos deixar de dar importância às coisas, situações ou pessoas que passam na nossa vida, em determinado momento. Nada disso! A questão é exactamente essa: há que viver o momento, sem o condicionar ao ontem e ao amanhã!!!
Coisas não passam de coisas, pessoas entram e saem da nossa vida e circunstâncias alteram-se num piscar de olhos.
A sabedoria está, então, em sabermos aproveitar o 'fugaz' que se cruza connosco...
Mas nesta simplicidade aparente reside a grande dificuldade!
Bjs

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sonido Negro

Cinco homens para uma mulher

Sentada no teatro, aguardo com ansiedade os minutos que antecedem o início do espectáculo, adivinhando no rosto dos que ali se encontram a expectativa do que está para acontecer.
Finalmente baixam as luzes, faz-se silêncio na sala, sobe o pano e ouvem-se os primeiros acordes, num jogo inusitado de contrastes entre luz e sombra que dá início ao espectáculo.
Acompanha o som da guitarra a imagem de uma mão reflectida na boca de cena, em tamanho gigante, que se mexe e remexe, fazendo adivinhar o ressurgimento da bailarina.
Decorre assim a primeira parte, numa mistura de simplicidade e extravagência pela originalidade do trabalho apresentado.
A bailarina, só uma, esguia e franzina, de ar doce e frágil, baila num misto de grandeza e humildade, sem pinturas nem adornos, cabelo solto, ondulante... meneia-se como o vento, sapateia a 'compás', numa leveza que apaixona, acompanhada por cinco músicos (ciganitos, pois então) que seguem fielmente as suas indicações acentuadas pelo olhar tímido e audaz, e acorrem aos seus caprichosos improvisos, repetindo sequências que certamente não estavam no programa...
De grande simplicidade, mas original, este espectáculo vale pelo todo, por ela, pela música, pelas sensações que nos transmite, pelos locais para onde nos transporta e, sem dúvida, por nos mostrar que para se ser 'grande' não é preciso grande coisa ;)

bjs

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Saudades de ti, Sevilha

Há quem tenha saudades de tudo, e quem não tenha saudades de nada; não posso dizer que seja uma pessoa demasiado saudosista, mas momentos há que me lembro do que me faz sentir bem...
Tenho viajado por muito sítio, passeado por locais inusitados, todos especiais e belos por excelência, mas nenhum ainda encontrei que me faça 'sentir em casa', como em Sevilha.
Diz a canção: 'Sevilla tiene un color especial' e com toda a razão; mas não só a cor é especial em Sevilha: também os cheiros, os recantos, as sensações, o clima, as gentes, sobretudo as gentes.
Saudades da cidade que me faz companhia mesmo estando só, saudades de passear pelos bairros antigos, sob o calor tórrido do Verão ou o frio gélido do Inverno, mirando o azul cobalto das paredes, ouvindo um 'hola, qué tal?' por todo o lado, saudades do cheirinho a flores de laranjeira na Primavera.
E na Primavera Sevilha enche-se ainda mais de cor e música, com milhares de vestidos às bolas adornando a cidade, banhada pelo seu Guadalquivir que corre ao som de sevilhanas...
Saudades também das noites de Sevilha vividas sem tempo nem pressas, do regressar com a aurora, do tempo passado nos passeios a conversar ou nos bares a bailar. Sim, porque ali o tempo dá para tudo, a noite parece não ter fim e o cansaço é vencido pelo eterno prazer de apenas viver.
De momentos se vive, de momentos se sente a falta. Fui feliz em Sevilha! E sou sempre feliz quando lá estou...
Passo a fronteira e um sorriso aflora o meu rosto, naturalmente!
Como não ter saudades de um local assim, simpático por natureza, quente e harmonioso?!
Sevilha dos cavalos, dos tintos de verano e das tapas, das lojas sem fim e da gente bonita e salerosa tem muito para contar e encantar. Há locais para todos os gostos, desde os mais campestres aos mais cosmopolitas, mas não há como 'vivenciar...' e só quem nunca lá esteve não será capaz de entender.
Outros há, talvez, que já lá tenham estado e que nada tenham sentido... mas aí reside o segredo da cidade que me envolve... só a sente a sua gente!
bjs


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Em tempo de fim de ano

Por tradição, o fim de ano encarna em si um desejo de concretização e esperança num novo ano que se adivinha repleto de novidades e perspectivas.
Ao som das 12 badaladas comem-se 12 passas, cada uma correspondendo a um desejo para cada um dos meses do novo ano... de preferência em cima de uma cadeira, com uma nota na mão (sim, porque convém que o ano traga algum dinheiro na carteira ;), escondendo no íntimo a bela da cuequinha azul.... tudo regado com um belo champagne, 'comme il faut'. Parece simples, não?!
Mas o fim do ano apela também à reflexão, ao olhar para trás, relembrando os desejos incumpridos do ano anterior e fazendo um balanço daquilo que se fez ou deixou de fazer, sempre sonhando o ano vindouro como a possibilidade da realização plena.
Há quem passe o fim de ano em festa, entre amigos e/ou família, com glamour, pompa e circunstância; outros há que o passam sozinhos, tristes, sem nada para comer, ou doentes numa cama de hospital...
E então, o ano novo significa o mesmo para todos? será a meia noite um 'marco' universal? Olhando as estrelas, terão os sonhos os mesmos significados?
Não sei o que foram os vossos desejos ou como foram os vossos festejos. Às 12 badaladas, sei que o meu pensamento foi para aqueles que nada têm, almejando que algo consigam num ano que se avizinha novo, mas difícil.
Guardo a esperança, é certo, que 2009 nos sorria a todos, enchendo-nos a alma de bons pensamentos e acções, com saúde, alegria e muita paz, e com algum dinheiro no bolso, 'para trocos'....
Feliz Ano Novo!!!
bjs