sexta-feira, 27 de março de 2009

É tão bonito, que vale a pena partilhar!

Em jeito de despedida para fim-de-semana, deixo a quem me costuma ler este pequeno vídeo que sempre me enche a alma de coisas boas e faz transbordar o coração de bons sentimentos e esperanças...
É simples, e uma verdadeira ternura.
Tudo de bom para vós :)
Bjs


terça-feira, 24 de março de 2009

Em Abril, Sevilhanas mil....

Abril é o mês da Primavera, do cheiro a flores de laranjeira, dos primeiros raios de sol e do calor que timidamente convida às saídas, às férias, às noites de luar, ao ritmo compassado das gargalhadas, entre copos, tapas, trajes de mil folhos e cores e, claro, ao baile por sevillanas.

Parte integrante do folclore musical andaluz, as sevilhanas motivam a partilha, a alegria e o convívio entre amigos e/ou aficionados, dos 8 aos 80, sem nunca deixar esquecer a sua componente de sensualidade e cortesia…

Mónica Lavín, autora mexicana, escreveu um livro em 12 contos – Por sevillanas – onde associa com arte e mestria as danças sevilhanas às etapas da vida de uma mulher (desde a criança que começa a bater palmas num coro até à mulher que dança semi-nua em frente a um espelho). Os personagens imprimem força e paixão a cada sevilhana, mostrando assim como se deve ‘dançar também a vida’:


Primeira sevilhana

«Azules rejas, azules rejas,

azules rejas, entre cortinas blancas»

Os braços erguem-se lentamente ao som de uma voz que anuncia o início do movimento, juntamente com os primeiros acordes da guitarra. A menina movimenta as suas mãos como passarinhos de papel, juntamente com as outras pequeninas. Dançam descalças, com os cabelos ao vento salgado e azul da Andaluzia. Entre as risadas esbranquiçadas como os muros, os pés pequenos levantam os folhos das saias quando trocam de sítio.

A dança é alegre, gozo de cordas e vozes cujo sentido importa. E aí importa o passo no tempo certo com o par, os braços que baixam quando um pé marca o caminho. Rabisca-se a dança para deter o revoltear de olhares no rasgado final das cordas, com os braços em postura altiva e o queixo erguido em direcção às nuvens.

A menina é, na classe, apenas mais uma numa dança aprendida entre bonecas e salões de festas, como o gosto pela água nos pés ou o vaivém de um escorrega tocando o céu.

As meninas bailarinas procuram apenas estrelas e sonhos entre o borbulhar da música festiva; não compreendem que assistem ao preâmbulo do ritual amoroso. Escondem o seu bulício interior sob as maçãs do rosto avermelhadas.


Segunda sevilhana

«Estaban dos amantes

dándose quejas»

A moça ergue os seus braços esguios lentamente, com o olhar baixo. Em frente dela também um rapaz coloca os braços em poses taurinas, peito aberto e cabeça erguida esperando a lide. Os sapatos de salto alto, verdes-azeitona, aproximam-se do companheiro de baile, intercalam sorrisos furtivos, apenas com olhares de soslaio. O ar cheira a flores de laranjeira, a flores húmidas como a pele da moça que esgrime o pescoço com tímida elegância.

A moça agita a saia para trocar de sítio com o seu companheiro que apenas roça no contorno da sua cintura. É forçoso olharem-se; é condição da dança reter esse implorar de olhos enquanto se cedem os espaços. Os corpos não se tocam, a intimidade é uma amêndoa dentro da casca.

Com os braços erguidos, o par persegue-se, ela meneia a anca. Equilibram proximidade e distância. Nunca se alcançam. Chegam à posição original, corpo a corpo, para aguardar o fecho da guitarra com uma volta que a coloca a ela à frente dele. O moço envolve-a com um braço na cintura e o outro ao alto, tocando-a levemente.


Terceira sevilhana

«Y se decían, que sólo con la muerte,

y se decían que sólo con la muerte se olvidarían»

A jovem mulher ergue os braços enquanto revira as mãos com lentidão, uma volta completa de dedos que se fecham e estendem oferecendo umas palmas suaves. O homem à sua frente dá cor à chamada com o peito erguido e as mãos fortes e livres, atento ao brio da investida.

Os olhares cruzam-se, aguardando o arranque. O tinir das cordas dá ritmo às voltas e reviravoltas, roçando as gemas que auguram um incêndio. Nos seus devaneios mantêm a entrega em suspenso, com os olhares dos outros expectantes.

O homem e a mulher agarram-se pela cintura para girar entrelaçados. Ele sente os odores do seu corpo embrenhado de branco e vislumbra no decote o arredondado de uns seios morenos. Imagina-os banhados de sumo de laranja, como um quadro de Júlio Romero. Os sorrisos e o disfarce preferiram a insistência nos olhares. Olham-se com arrogância e cruzam um sapateado encontrado para logo se manterem no seu espaço, aguardando o fecho da guitarra que obriga a uma paragem triunfal.


Quarta sevilhana

«Y eso no es cierto, y eso no es cierto,

porque se han olvidado y no se han muerto»

O olhar negro e profundo, o cabelo preso na nuca, um traje escuro agarrado ao corpo curtido em amores. A mulher acompanha as vozes com o batimento pausado dos dedos exprimindo a cadência do compasso. Não há companheiro de baile. Umas palmas surdas como um eco longínquo cobiçam os movimentos apenas insinuados, discretos e exactos. O olhar cruza-se no ar, fazem-se os careos com o ar dos amores fugidios e reconcilia-se com a intenção. A pasada é uma cortesia ao ritual herdado, uma forma de acrescentar humor à presença habitada de presenças despedaçadas.

Dança como nas outras noites em frente ao espelho, com um xaile vermelho atado ao corpo semi-nu. Gira ao encontro da música e as formas, as pausas e as extensões, e as vozes desgarradas no ritual de sensualidade.

É o momento do careo, o lance definitivo; os corpos deslizam de perfil, alargando um passo que alcança a figura a tempo, para perpetuar a memória do olhar. A mulher simula aproximações e afastamentos, reúne as risadas pueris com o desejo de nostalgia. Abre o peito e os braços, erguendo os seus atributos, no seu porte altivo, a sua elegância fermentada e os seus prazeres secretos.

A guitarra apela ao fecho e a mulher, com a pele salgada, aguarda a volta final, estende os braços e ergue o olhar para terminar a dança soberba e solitária!!!


Assim é o baile por sevillanas – uma dança envolvente, carismática e apaixonante, que se caracteriza especialmente pela sua graça, vivacidade, ágil dinamismo, flexibilidade e sensualidade.

Bjs


Mensagem

quinta-feira, 19 de março de 2009

Afinal, o que é ser avó/ô?

Hoje é dia do Pai, eu sei... e aqui deixo os meus parabéns a todos os pais! Mas também aos pais dos pais, os avós! Esses seres maravilhosos que, embora aparentemente endurecidos, se desfazem em manteiga na presença (ou lembrança) dos queridos netinhos.
Mas o que é isto de ser avô? ou avó? Infelizmente não tive convívio com os meus avós, pelo que não posso sequer sonhar o que é ser neto... Mas já tenho assistido a vários exemplos de pais que se tornaram avós e, na forma como convivem com os pequenos seres que têm por netos, podemos vislumbrar um sentimento comum de um amor maior do que tudo, mesmo maior do que aquele (aparentemente) tivemos enquanto filhos.
Tentei, em vão, perguntar a alguns avós o que sentiam enquanto tal... mas na hora de falar de sentimentos, parece difícil a tarefa de descrever esse mesmo amor inexplicável, ainda que em presença dele. 'É uma continuidade', 'É sangue do meu sangue', 'É algo maior que não se consegue explicar com palavras'... foram algumas das respostas dos inquiridos.
Certo é, sem dúvida, que os avós têm mais de tudo: mais sabedoria, mais tempo, e sobretudo mais paciência! Estão mentalmente mais disponíveis para ouvir, brincar, passear, sem estar a olhar para o relógio, porque têm tempo e querem ver os netos crescer. Um sorriso ou uma lágrima, que para os pais podem ser banais, para os avós são a dádiva do dia; uma gracinha, uma expressão ou mesmo uma maroteira encontram sempre eco e conforto no regaço dos avós... Porque afinal os netinhos agora são os que precisam de protecção, carinho e atenção. Os filhos cresceram, ganharam asas e, portanto, agora revêm os seus tempos de pais nos netos que lhes deram :)
A pais chegamos, a avós não sabemos, daí talvez o encanto e o prazer que daí retiramos quando finalmente lá estamos!
E como ouvi um dia cantar um certo avô: 'É tão bom ser pequenino, ter pai, ter mãe, ter avós; e ter força no destino; e ter quem goste de nós'!!!
Obrigada a todos os avós,e principalmente aos do Santiago, que lhe proporcionam tantos momentos de alegria e felicidade.
Bjs

quarta-feira, 18 de março de 2009

Saber esperar

Aqui estou eu, sentada numa 'sala de espera'... Enquanto aguardo, observo de soslaio os rostos dos que comigo partilham este momento e aguardam a sua vez.
Uns lêem, outros simplesmente olham o infinito, com a expressão impaciente de quem não sabe o que fazer para 'matar o tempo' para que este passe mais de pressa, e outros fazem o mesmo do que eu: observam...
Qualquer espera traz consigo associado o sentimento de impaciência porque, quer a saibamos breve ou prolongada, não está nas nossas mãos antecipar o seu fim. E enquanto se espera, é inevitável a sensação do tempo que não passa, do não saber como ocupar aquele pedaço de tempo em que as nossas vidas parecem ficar em suspenso (stand-by).
E afinal é tão simples... porque não aproveitar este tempo de pausa apenas para parar o pensamento, deixar a respiração fluir e simplesmente relaxar?! Mas de tão simples, é bastante complicado conseguir isto, pois a nossa mente trai-nos a cada instante e, se não estamos ocupados com algo, lá vem ela lembrar-nos deste ou daquele assunto que tenhamos pendente.
Neste meu tempo de espera aproveito para esboçar estas linhas, os meus companheiros de sala, entretanto, também arranjaram com que se entreter: um joga com o telemóvel, outra pega numa das revistas disponíveis (e desactualizadas) apenas para ler umas linhas ou ver as imagens e outra não tira os olhos daquilo que estou a fazer ;)
-Que tanto escreve ela? Pode ler-se no seu rosto a expressão da incompreensão, de quem não consegue perceber como é que alguém, assim de repente, pode escrever tanto, numa folha improvisada ao acaso.
-E sobre o quê? Para quê? São perguntas que lhe ficarão no íntimo, pelo menos até sair daqui, quando terminar esta sua espera e passar à seguinte.
E lá diz a expressão «Quem espera, desespera»! E com toda a propriedade, até porque, mesmo escrevendo, ou lendo, ou simplesmente existindo, o tempo teima em não correr (aguardo há dez minutos e parece ter estado aqui a manhã toda).
Ah! E eis que a minha espera está prestes a terminar... o silêncio é quebrado pelo ruído de uma porta que se abre ao fim do corredor e uma voz que ecoa... Mas não! A minha ansiedade tomou conta do momento... e ainda não é a minha vez!
Parece que vou continuar à espera; mas entretanto vou optar apenas por respirar e existir, deixando o pensamento fluir...
Bjs

domingo, 8 de março de 2009

Feliz Dia da Mulher



Lindas, maravilhosas, coloridas e cheirosas...
Parabéns a todas as mulheres!
Aqui fica 'Uma flor para todas as flores'
Bjs

quinta-feira, 5 de março de 2009

Santiago, meu amor

Um aninho, 6 dentes e muita maroteira, já a correr por todo o lado...
Este é o Santiago e as imagens de alguns momentos felizes.



Perguntas porque nunca escrevo para ti...
porque não há palavras para esboçar o rosto de um sentir, o agradecimento de uma vida gerada com tanto amor e carinho, de momentos vividos, com sorrisos e lágrimas, de esperanças infinitas num amanhã risonho e recordações mágicas, desde tempos tunisinos ;)
Para ti não guardo palavras... guardo um olhar, um beijo doce e o calor de um abraço (agora a três, já que o nosso menino não permite outra coisa) apertadinho, de manhã, ao despertar (para sempre, e em especial neste dia do Pai que se avizinha).
Bjs

terça-feira, 3 de março de 2009

A roda gigante... alegoria da vida?!

É difícil encontrar uma roda gigante e não ter vontade de subir, apreciar a paisagem, experimentar a emoção da altura, sentindo o vento roçar o rosto, de olhos fechados e pensamento preso no infinito, vislumbrando em baixo a multidão que passa, minúscula, imersos no silêncio do espaço que nos abraça, desafiando as tonturas e gozando o prazer de não saber o momento em que a roda vai parar e que perspectiva nos dará de cada nova paisagem. A cada paragem, uma nova vista, e quanto mais alto estamos, mais abrangente ela é.
É inevitável que o sentimento de impotência nos invada, verdade seja dita, pois o comando da roda não está na nossa mão, vamos parar de tempos a tempos, sempre que haja alguém para subir ou porque quem a maneja assim o deseja, e a viagem vai terminar a qualquer momento, quer queiramos, quer não.
Temos sempre a possibilidade de comprar outro bilhete, voltar a subir, é claro, mas certamente a sensação não será a mesma, até porque falta o sabor do imprevisto e do desconhecido...
Fechemos os olhos por momentos; imaginemos que estamos numa roda gigante e façamos uma retrospectiva rápida da nossa existência até então... mas desta vez assumimos o controlo da 'roda' e damo-nos a ocasião de olhar para os diversos momentos, da altura que bem entendermos, e simplesmente desfrutamos a sensação... Conseguimos de facto observar coisas diferentes, à medida que a roda avança? Não se torna tudo mais pequeno, longínquo, conforme nos distanciamos das coisas? E que fácil se torna passear pelo turbilhão das nossas emoções, se pudermos olhar para elas de diferentes maneiras!
Talvez possamos utilizar esta alegoria de cada vez que nos surja uma nova etapa na vida, e se tentarmos subir na roda e ver as coisas de outra perspectiva, talvez isso ajude na nossa compreensão e mesmo para qualquer tomada de decisão... Mas aí é possível que sejamos invadidos pelo medo das alturas...
Vai uma vooltinha?! ;)
bjs