terça-feira, 28 de abril de 2009

Podemos ser o que quisermos :)

O bom da imaginação e da criatividade é, sem dúvida, dar-nos a capacidade de sermos tudo aquilo que quisermos.
Há alguns anos atrás, uma das minhas professoras da escola primária lançou o repto - fazer uma composição seguindo o tema 'Se um dia eu fosse...' - nada mais fácil, pensamos de imediato! Se eu fosse princesa, rainha, polícia, bailarina, etc. etc. Não apresentava dificuldade nenhuma o tema, pois (mais ou menos) todas as crianças sonham em ser qualquer coisa; mas eu sou assim, mais complicada, e querendo ser diferente resolvi escolher o meu tema: 'Se um dia eu fosse um garfo'...
O tema sugeriu de imediato uma risada e a preocupação da professora que resolveu comentar com a minha mãe que ninguém da minha idade iria preocupar-se em ser um garfo por um dia; mas deram-me asas à imaginação e lá me deixaram escrever sobre a vida atribulada de um garfo ;)
Às vezes dá vontade pensar no que seriam os objectos se ganhassem vida, o que pensariam, como veriam as suas funções... Um garfo não passa de um utensílio, mas até ele tem a sua importância: leva-nos o alimento à boca, obriga a que o braço faça exercício, a mão ganhe destreza e, além disso tudo, pode ser decorativo. Não interessa se é um garfo do Ikea ou de um qualquer faqueiro de renome, ou mesmo de plástico ou madeira, pois a sua função está sempre assegurada. E há até quem invente e utilize o garfo para coçar o corpo (em caso extremo de coceira) ou para picar alguém, como manifestação de desagrado....
Podemos segurar o garfo com a maior delicadeza, ou com a maior das brutidões, que ele não vai queixar-se com certeza, embora (se tivesse vida) tivesse todo o direito em reclamar.
E as suas ajudantes, as facas? um garfo sozinho cumpriria a sua função com mestria? parece que até mesmo um garfo precisa de ajuda, talvez até companhia; não é à toa que fazem parte dos faqueiros, também as colheres de sopa, de sobremesa, e as facas de carne, de peixe, de manteiga...
A vida dos garfos pode ser mais simples (num lar de um solteiro), em que certamente é pouco solicitado; ou mais complicada: se pertencer a um restaurante tipo taberna ou hotel de luxo, as coisas podem ser bem diferentes. Só que, enfim, coitado, o seu destino é sempre o mesmo, a função irrepetidamente igual e o fim de vida anunciado para quando alguém assim o entender.

Não sei se fui fiel ao 'texto original' da minha infância, mas a ideia é mais ou menos esta ;)
Mesmo eu, sendo professora, acharia que quem o escreveu teria um parafuso a menos...
Hoje talvez pense que se pode fazer um paralelismo com as nossas vidas e pensar que podemos ser o que bem quisermos, se dermos largas à imaginação.
Por vezes cabe-nos a missão de nos 'animarmos' (=ganhar vida) o que, indiscutivelmente, um garfo jamais poderá fazer.
Parece tonto, não?! Mas a mim deixa-me com um sorriso nos lábios ;)
Bjs

P.s. Da próxima vez que utilizarem um garfo, sff, olhem para ele com 'respeito', pois estará também ele a cumprir a sua função!!!