quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O prazer de nos superarmos

Os receios são como bolas de neve dentro de nós, que vão crescendo e se alimentando do nosso próprio medo de algum dia os podermos perder...
Quem não tem receio de algo? Quem já não sentiu as pernas tremer perante uma situação, por mais simples que seja? É fácil ter receio, muito fácil mesmo... o difícil é sairmos dele!
Existem dentro de nós, consomem a energia que colocamos na sua existência e no pensamento inibidor da sua destruição e julgamos que nos acompanharão para sempre, até porque são muito maiores do que a nossa capacidade de os superarmos.
Mas, verdade seja dita: se eles existem, é porque nós os criamos e alimentamos. Por isso, cabe a nós dar cabo deles na hora em que assim o desejarmos ;) Temos a tarefa, árdua, diga-se, de gerir os nossos próprios receios e mostrar-lhes que, se quisermos, eles não passam disso mesmo e tornam-se pequeninos, fracos, como os primeiros flocos de neve, podendo até mesmo desaparecer de uma forma tão ou quase mais veloz de como apareceram na nossa vida.
Pois bem, também eu tenho receios, alguns até nem sei que tenho, mas este de que falo hoje, coitado, neste momento é tão pequenino que quase já não existe. Contudo, convém que ainda cá esteja, para poder olhá-lo com o devido respeito e satisfação de quem já quase é maior do que ele.
Depois de uma experiência algo traumatizante numa iniciação mal conduzida ao ski, fiquei com receio, muito receio de repetir... bem vistas as coisas, mesmo antes de experimentar, esse receio já existia, morava em mim, impedindo-me de ser bem-sucedida em qualquer que fosse a experiência. Mas a vontade de superá-lo foi maior, mais forte, e por fim venceu! (amanhã posso arrepender-me disso, mas enquanto não, há que aproveitar...).
Repetida a experiência, desta vez em harmonia com o meu desejo de experimentar e chegar mais além, em ambiente descontraído, finalmente consegui deslizar naquele par de skis ameaçadores da integridade física de qualquer um ;) e asseguro-vos que o sabor da realização é bem melhor do que o das lágrimas da frustração.
Desta vez, mesmo com as mãos geladas e as pernas a tremer perante aquela descida que parecia não ter fim, lá fui subindo e descendo, ganhando a partida e o prazer da chegada (até já com disposição para experimentar um 'tombozinho').
Digo-vos: é giro, e vou repetir!
Será que não podíamos resolver assim todos os nossos receios? será que, sendo todos criação do nosso próprio ser, não cabe a nós geri-los como entendermos? talvez valha a pena pensarmos nisto...
bjs

3 comentários:

Anônimo disse...

Descreves com perfeição uma experiência que se pode tornar inesquecível (pelo trauma ou pelo prazer).
Sentimentos e emoções que também experienciei quando coloquei aquelas duas lâminas afiadas nos meus pés e que teimavam ir sempre para onde queriam... até ao momento da libertação que facilmente coloca os skis no bom caminho, com metade do esforço.
Obrigado pela lembrança e que te sirva de incentivo para outras "skiadelas".
Pi

Anônimo disse...

Este "receio" do ski é um bom "receio", é uma "receio" saudável a que prefiro chamar adrenalina.
A mim faz-me sentir mais vivo que nunca e cheio de energia como se de um dopante se tratasse e que quando se tem se quer cada vez mais.

Sonhadora disse...

É fantástico não é?

Eu bem te dizia, não há maior paz do que deslizar, mesmo que com receio, num par de esquis.

Não há maior prazer do que sentir o vento frio bater na cara, estando nós a disfrutar do que de melhor o frio tem.

Continua e bem vinda ao club de fãs.

beijokas grandes